Por Inara Fonseca
O INCT Caleidoscópio: Instituto de Estudos Avançados em Iniquidades, Desigualdades e Violências de Gênero e Sexualidade e suas Múltiplas Insurgências lança, nesta segunda-feira (13/05), três séries de podcasts com distintos focos no debate sobre mulheres nas ciências. O podcast “Trajetórias feministas de pesquisa“, organizado pela equipe de divulgação científica do INCT Caleidoscópio, é focado nas trajetórias de mulheres cientistas do Brasil e do Mundo. Já o “Mulheres quilombolas nas ciências: de quilombola para quilombola“, idealizado pela Incubadora de Pesquisa Feminista Antirracista Norte, Nordeste e Amazônia Legal, apresenta a contribuição das mulheres quilombolas para as ciências. O “Universidade Livre de Assédio“, idealizado pela coordenação Sul-Sudeste do Observatório Caleidoscópio, traz diálogos entre pesquisadoras que têm pensado, criado e aplicado políticas de enfrentamento às violências e assédios nas universidades e, também, criado ações afirmativas de equidade de gênero, raça e classe na ciência.
Karla Bessa, vice-coordenadora do INCT-Caleidoscópio, pesquisadora do Núcleo Pagu-Unicamp e uma das responsáveis pelas ações de Divulgação e Popularização Científica do INCT-Caleidoscópio destaca a importância da apropriação do podcast para democratização da comunicação. “O formato digital do podcast é um tipo de mídia estreitamente relacionada com uma das mais populares tecnologias de comunicação, o rádio, que se tornou um poderoso veículo de produção, circulação e apropriação de ideias/ideais. No entanto, rapidamente, os rádios tornaram-se conglomerados e o seu potencial democrático foi mercantilizado e trocado pelo lucro. As rádios populares (algumas delas tiveram existência ilegal) foram fundamentais para a retomada da participação mais ampla na produção de conteúdos. Hoje, temos uma brecha de autonomia política e teórica fundamental com o uso dos podcasts, apesar das muitas capturas por monopólios de plataformas digitais e seus respectivos interesses ideológicos”, pontua.
Bessa também destaca as diferentes maneiras de educação institucional e popular que estão utilizando-se do podcast como forma de se comunicar com a população. “Muitas universidades no Brasil e no Mundo, por exemplo, usam esse dispositivo para estabelecerem um processo mais próximo, horizontal e democrático na produção de debates, informações e, no nosso caso, divulgação de pesquisas, ações e trajetórias acadêmicas que nos permitam estar em diálogo entre nós (feministas, antirracistas, decoloniais e lgbtia+ includentes) e com outras tantas pessoas”, explica.
De acordo com a pesquisadora, o podcast também retoma algo considerado fundamental para uma perspectiva feminista amefricana, as “rodas de conversa”, os “bate-papos”, os “testemunhos e depoimentos” que marcaram importantes práticas de mobilização feminista.
“A fala que rompe os tantos silenciamentos aos quais historicamente as meninas, mulheres e pessoas trans foram expostas (e dentre essas, grupos ainda mais alijados de visibilidade nos grandes veículos de comunicação em massa, como mulheres negras das periferias, dos quilombos, das aldeias e comunidades originárias) aliada à escuta atenta, que retém inspirações e alimenta novos imaginários a partir das trocas, faz do dispositivo podcast um importante aliado das nossas lutas por mais equidade, diversidade, possibilidades de dissidências e discordâncias, em bases solidamente democráticas e respeitosas de interação social, em especial, nos ambientes de ensino e pesquisa”, conclui.
O que você vai encontrar nos podcasts
No primeiro episódio de “Trajetórias feministas de pesquisa”, gravado na Inglaterra enquanto a professora Karla Bessa realizava uma visita técnica ao King´s College em Londres e à Universidade de Lancaster, você vai conhecer sobre o trabalho e vida da Dra. Esmorie Miller, professora de Criminologia na Universidade de Lancaster, que vem desenvolvendo pesquisas com foco na intersecção raça, juventude, gênero e exclusão.
Já no primeiro episódio de “Mulheres quilombolas nas ciências: de quilombola para quilombola”, Naryanne Ramos, quilombola de Vila Bela da Santíssima Trindade (MS) recebe Givânia Maria da Silva. Nascida em Salgueiro (PE), no ano de 1967, Givânia é quilombola, professora, pesquisadora e ativista negra. Sua trajetória inclui a fundação da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), onde desempenha um papel fundamental.
Finalmente, no primeiro episódio de “Universidade Livre de Assédio”, as pesquisadoras Joana Maria Pedro e Morgani Guzzo entrevistam a professora, historiadora e ouvidora da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Lídia Maria Vianna Possas. Na entrevista, Lídia fala sobre sua atuação na ouvidoria da UNESP e como começou a atuar mais diretamente nos casos de denúncia de assédio a partir do projeto “Sobrevivência Frente à Violência de Gênero no Espaço Acadêmico”, iniciado em 2017.
Para tornar a circulação da informação mais acessível, todos os episódios possuem audiodescrição que está disponível no canal do INCT Caleidoscópio no Youtube. Esperamos que gostem, divulguem, inscrevam-se no nosso canal do YouTube e deixem seus comentários.
As séries de podcast do INCT Caleidoscópio são apoiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (FUNCAMP). Agradecemos o apoio.