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texto-geral Violências nas universidades

Pesquisa da UFV mapeia iniciativas de enfrentamento ao assédio nas universidades brasileiras

Professor Diego Costa Mendes apresentou os primeiros passos da sua investigação durante 3ª sessão do Seminário do Observatório Caleidoscópio, em junho de 2024.

Por Morgani Guzzo e Pedro Ordones

No Brasil, cerca de 2,9 milhões de mulheres já sofreram algum tipo de violência ou assédio, de acordo com dados da pesquisa Violência contra a mulher no ambiente Universitário, feita em 2015 pelo Instituto Avon em parceria com o Data Popular. Por isso, pesquisas como a desenvolvida pelo professor Diego Costa Mendes, do departamento de administração da Universidade Federal de Viçosa (UFV), têm buscado se debruçar sobre a temática e as ações de prevenção e enfrentamento às violências nas universidades.

“Tenho percebido uma limitação da compreensão quanto às especificidades do assédio e sobre como ele se materializa tanto em publicações e produções dentro do nosso campo de conhecimento, que é o da gestão, quanto em outras áreas do conhecimento”, comentou Diego durante a terceira sessão do Seminário do Observatório Caleidoscópio do Observatório Sul-Sudeste do INCT Caleidoscópio – Instituto de Estudos Avançados em Iniquidades, Desigualdades e Violências de Gênero e Sexualidade e suas múltiplas insurgências, que ocorreu de forma online no dia 28 de junho de 2024.

Assista à apresentação completa aqui.

Intitulado “A problemática do assédio no ambiente universitário brasileiro: primeiros passos rumo à prevenção e ao enfrentamento”, o projeto de pesquisa que está iniciando tem o propósito de se tornar um referencial para as instituições de ensino superior (IES), tendo como principal objetivo mapear e divulgar as boas práticas já implementadas para auxiliar as demais universidades no enfrentamento às violências, principalmente o assédio, além de promover o acolhimento às vítimas.

Em suas análises, o pesquisador identificou que a dificuldade de enfrentamento ao assédio nas universidades se dá devido a diversos fatores, como: as conformações na organização universitária: estrutura e cultura tradicionais em contraposição ao estímulo da produção de conhecimento inovador; as complexas relações de poder; o sentimento de lealdade dos servidores à instituição; o medo de retaliações, além da sensação de impunidade.

“Há uma cultura de tolerância ou negligência, tentando proteger a imagem institucional da universidade, o que leva as vítimas a hesitar em formular suas queixas, principalmente por falta de confiança nas instituições ou medo do que pode vir a lhes acontecer”, afirmou o pesquisador. De acordo com pesquisa realizada por Bianca Spode Beltrame, doutora em administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 2018, cerca de 70% das universidades no Brasil ainda não tinham políticas de enfrentamento às violências.

Diego ainda apontou algumas das intervenções que seriam necessárias para tornar a universidade um ambiente saudável e livre de violências, como a criação de canais seguros e acessíveis para denúncias, a aplicação de medidas disciplinares efetivas contra assediadores, políticas claras de combate ao assédio e suporte psicológico às vítimas.

Diego Mendes é doutor em administração pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), coordenador da graduação em administração da UFV, pesquisador das áreas de gestão de pessoas, estudos organizacionais e marcadores sociais da diferença e integrante do Grupo de Investigação sobre Trabalho, Gestão e Diferenças (GID), do Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Gênero da UFV (NIEG) e do grupo Discursos e Estéticas da Diferença (DIZ).

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