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Projeto sobre gênero e ciência no IFPR tem potencial transformador nas turmas de ensino médio

Durante a sexta sessão do Seminário do Observatório Caleidoscópio, Joyce Muzi apresentou alguns resultados do Projeto "Meninas, Mulheres e Ciência no IFPR", destacando a importância do debate para a diminuição dos preconceitos e violências contra meninas em turmas majoritariamente compostas por meninos

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Imagem de divulgação do Seminário do Observatório Caleidoscópio. Créditos: Morgani Guzzo/Observatório Sul-Sudeste.

Por Morgani Guzzo

Um dos objetivos do Observatório Sul-Sudeste do INCT Caleidoscópio é conhecer, reunir e disponibilizar pesquisas e indicadores que demonstrem a presença de meninas e mulheres em diversas áreas da Ciência. Uma dessas pesquisas, que demonstrou a desigualdade de gênero em cursos do Instituto Federal do Paraná (IFPR), foi apresentada durante a sexta sessão do Seminário do Observatório Caleidoscópio.  

Trata-se do Projeto “Meninas, Mulheres e Ciência no IFPR”, desenvolvido e coordenado pelas professoras Gabriela Chicuta Ribeiro e Joyce Luciane Correia Muzi desde 2020. Durante o Seminário, que ocorreu de forma online no dia 25 de outubro de 2024, Joyce mostrou alguns resultados do projeto em apresentação intitulada “Onde estão as mulheres no IFPR: achados do projeto de pesquisa “Meninas, Mulheres e Ciência no IFPR”.

Assista à apresentação completa em nosso canal no Youtube:

Projeto conta com bolsistas do Ensino Médio do IFPR

Com auxílio de bolsistas e estudantes voluntárias, o Projeto tem produzido, sistematizado e analisado dados sobre a presença e permanência de meninas nos cursos técnicos integrados de nível médio no IFPR Campus Curitiba e, também, a presença de mulheres na docência das áreas técnicas e na gestão da instituição, levando em conta os cargos ocupados.

“No Paraná inteiro são 161 cursos ofertados. Só no campus Curitiba são 6.585 estudantes, à distância e presencial, e 45 cursos.  Eu vou me centrar quase sempre nos oito cursos técnicos integrados do ensino médio, onde atualmente estudam 1.210 estudantes do primeiro ao terceiro ano em seis cursos, do primeiro ao quarto ano em outros dois cursos, que têm quatro anos de duração”, explicou a professora. 

Entre os cursos analisados, Joyce chamou a atenção para a maior presença de meninas nos de Administração, Contabilidade e Processos Fotográficos, enquanto a menor presença delas se dá nos de Programação de Jogos Digitais, Mecânica e Informática.

“No curso de Processos Fotográficos acontece um fenômeno quase oposto ao de jogos e de mecânica:  enquanto tem muitas meninas, vai ter um, dois meninos. Então a gente também faz um trabalho nesses cursos específicos para a gente pensar essa condição, porque também os meninos, dentro da turma, sofrem os mesmos preconceitos, as mesmas violências que as colegas estão sofrendo em cursos majoritariamente masculinos. Então a gente faz questão de mostrar essa inversão para eles e que está todo mundo em desvantagem quando se trata das questões de gênero. É importante a gente problematizar porque está todo mundo saindo perdendo”, comentou.

Discussões sobre gênero nos cursos tem transformado a dinâmica nas salas de aula

A questão pedagógica do Projeto, a possibilidade dos dados e discussões permearem os debates em sala de aula, tem transformado a dinâmica de algumas turmas, segundo a pesquisadora. 

“O fato de ter sempre uma bolsista, no mínimo uma bolsista, e as meninas voluntárias, que acabam se interessando justamente por serem minoria nos cursos e elas acabam vendo no projeto uma possibilidade de conversar sobre as coisas que elas estão passando, essas discussões acabam extrapolando os limites do projeto. Tudo isso só tem feito sentido porque elas próprias conseguem levar isso para a realidade delas e conseguir sobreviver nos cursos de uma maneira menos violenta, porque elas tendo conhecimento, elas têm condições de reagir se acontece alguma coisa. Da parte dos colegas, os meninos passam a respeitar ainda mais essas meninas, acabam inclusive se solidarizando com as colegas. O processo ao longo do curso todo é bastante interessante”, relatou.

No entanto, há um longo caminho a percorrer para alcançar a equidade de gênero na instituição. No que diz respeito à participação de mulheres em projetos de pesquisa, em 2023, de 164 projetos realizados no IFPR, 95 eram coordenados por homens, representando cerca de 59,7%, enquanto 69 eram de coordenação das mulheres, sendo cerca de 40,3%. Além disso, as mulheres também são minoria na docência dos cursos técnicos integrados ao ensino médio, sendo apenas 27 em um total de 86 professores. 

Joyce é doutora em letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), mestre em tecnologia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)  e mestre em ciência da educação pela Universidad del Norte/Assunción/Py. É docente do Instituto Federal do Paraná (IFPR), líder do Núcleo de Estudos Interdisciplinares de Gênero, Diversidade e Inclusão (NeGeDi/IFPR), pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero (NEG/UFPR) e membro do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi), do Núcleo de Arte e Cultura (NAC) do IFPR e da Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos (ReBEDH). 

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